quinta-feira, 23 de maio de 2013

Precisamos de mais protagonistas femininas!




Eu sou um homem heterossexual moderno e não aguento mais jogar com protagonistas masculinos, vamos começar assim! Por todo o tempo que consigo lembrar, os homens sempre foram os heróis nos video games. os destemidos, os responsáveis por resgatar a "donzela indefesa", uma mulher. Claro que isso não se limita aos games, é tão errado esse conceito que tem muita mulher por ai que ainda teima com o sonho de querer achar seu "cavalheiro em armadura brilhante", ou algo assim, a própria sociedade coloca isso em suas cabeças, como se fosse inteligente e confortável a mulher depender do homem. Para a indústria dos games eu pergunto: por que? (pergunta retórica, eu sei o porque).

A mulher esta fora da mídia porque não vende, porque a mídia é composta quase essencialmente por homens e, desses homens, a maioria é machista e se acharia "gayzinho" por jogar um game com uma protagonista feminina, eu GOSTARIA de te dizer que isso é uma brincadeira, eu já vi gente assim. Recentemente, comentei como Elizabeth, em Bioshock Infinite, é o contrário do esteriótipo de donzela em perigo. À princípio, você é enviado à Columbia pra resgatá-la, mas logo percebe que ela não precisa da sua ajuda PRA QUASE NADA e, quando precisa, é necessário o trabalho em equipe e não que o espetacular e corajoso Booker DeWitt a carregue em seus braços. O que mais me deu vontade de escrever sobre o assunto foi a revelação da dificuldade que o próximo jogo da Capcom, Remember Me, teve pra sair do papel, não por falta de verbas, não por medo de investir em uma franquia nova, mas sim por ter uma protagonista feminina que não é sensualizada (pelo menos não deu pra perceber isso), mais uma vez, EU GOSTARIA DE ESTAR BRINCANDO. Os caras tiveram que lutar pra conseguir colocar esse tipo, pode-se até dizer inovador ainda, de protagonista no game. Não gosto de falar do passado, pois não podemos altera-lo mais, apenas estuda-lo, afim de não cometer os mesmos erros de novo e de novo, mas parece que a humanidade esta atrelada até as últimas consequências com o dizer popular: a história tende a se repetir. A sociedade vem rebaixando a mulher a mais tempo do que a invenção da religião (Polêmica Wars). Não quero ser de apenas um lado, biologicamente falando, há diferenças SIM entre homem e mulher, talvez seja por isso que ela é colocada como frágil e, o homem, forte.

Na verdade isso cria um fetichismo forte, que é central pra essa babaquice toda acontecer. Me limitando aos video games, mas podendo valer para as outras mídias também, é fato que a mulher é, na esmagadora maioria das vezes, colocada como um objeto, até mesmo um item sexual, a ser proclamado pelo protagonista masculino. Me diga, em quantos jogos que você já jogou, sendo você casual ou hardcore, sua missão era de resgatar uma mulher? Zelda? Peach? Rose? Algum familiar? Agora me diga, em quantos jogos você assume o papel de uma mulher destemida e valente? Nariko? Chell? Heather? Percebe a diferença de tempo entre os exemplos? Foi la pro final dos anos 90 que começou a aparecer uma luz para as mulheres nos video games. Em contrapartida, temos os homens, que são modelizados (?), isto é, são construídos de uma forma que nós, jogadores masculinos, almejamos os status mostrado por aquele personagem. Força física, bravura, honra, coragem, todas essas qualidades são exibidas pelos protagonistas masculinos, sejam eles heróis ou anti-heróis, bonzinhos ou canastrões. Não estou dizendo que isso é feito pelos Senhores Malígnos da Cúpula da Maldade na Indústria dos Games (a.k.a M.C.M.I.G), de maneira nenhuma, isso é feito pra VENDER, simples assim. Nós estamos sempre reclamando por jogos melhores, mais ousados, mais criativos, mas os caras, antes de tudo, querem retorno pelo que fizeram, por mais que existam os bons samaritanos que desenvolvem um jogo com seu coração, colocando todo o amor em cima do projeto, eles esperam receber pelo menos o reconhecimento em troca, não existe o puro altruísmo e, no mundo de hoje, infelizmente, mulher não vende, mulher não da lucro, mulher pega seu cartão de crédito e só da prejuízo, mulher serve pra lavar louça, mulher é fazedora de sanduíche  etc. O Homem nos games é um ideal a ser alcançado, a mulher é um objeto a ser conseguido.

Não me entenda mal, quando a história é boa, isso fica em segundo plano, mas por que não pode existir mais Alyx's e Elizabeth's no mundo? Há algum problema com Jill Valentine? Chell conseguiu driblar uma instalação científica inteira em que cada parede tentava mata-la, ainda no mesmo jogo, GlaDOS, a robô que despertou "owns" no coração de qualquer jogador por ai, foi uma mulher antes de ser uma I.A. NÃO HÁ NADA DE ERRADO com mulheres protagonistas, você não vai se tornar mais ou menos macho jogando com um delas. Mulheres são necessárias, não apenas para uma igualdade e um mundo menos sexista, mas também pra mostrar que elas não devem ser resgatadas, oras, muitas vezes, nós mesmos temos de ser resgatados.

Como disse antes, não vale a pena discutir dogmas de milhares de anos, vale a pena analisa-los e mudar a sociedade no seu presente momento. Se você é pai/mãe por ai e já introduziu seu filhote ao mundo dos games, deixe ele jogar com os dois lados, ensine que não há diferenças, explique que ele deve tratar, ambos os lados, com dignidade e respeito, mostre pra ele que uma mulher pode ser tão badass quanto um homem. Apenas educando corretamente os futuros humanos é que podemos sair desse buraco de merda preconceituoso e mesquinho. Afinal de contas, por quê Zelda não pode estrelar seu próprio jogo? Até onde eu li direito, a lenda é dela, não do Link!

Mais uma coisa, sugiro que acompanhem essa série de vídeos da Anita Sarkeesian, uma feminista forte que esta desenvolvendo melhor a discussão do tratamento que as mulheres recebem no mundo dos games.

Um comentário:

  1. Como assim um texto sobre mulheres em videogames onde a Samus não é nem citada? o.O

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